Melhores momentos da entrevista com a banda Júlia Says, formada por Pauliño e Diego, no programa Jornal Cultural, que vai ao ar todas as sextas na Rádio Alto Falante no Alto José do Pinho, realizada no dia 22 de fevereiro de 2008.
Jornal Cultural- Conta pra galera como foi tocar no Rec-Beat e ser tão bem recebido
Pauliño -Pow, foi muito bom. A gente tava meio que enfrentando aquela coisa de pressão, a mídia apostando muito e a banda com poucos meses, mas foi muito bom, o show foi massa o público curtiu, comprou cd, rendeu muita entrevista pra gente e a gente conseguiu superar, provar o que eles estavam esperando, porque tava aquele clima “será que eles vão agüentar a pressão?”. Ai foi bom porque a gente conseguiu corresponder às expectativas das pessoas e às nossas também. Foi o melhor de todos.
Diego- Porra, foi do caralho tocar num festival grande, uns dos maiores do Brasil e você no 4° show da banda estar sendo selecionado para o Rec-Beat, foi massa. O show foi bom, ficamos meio que nervoso, ansioso antes do show, mas entrou no palco depois da primeira música já ficou tudo tranqüilo, o resto do show prosseguiu tudo na limpeza. Foi um show muito bom.
Jornal Cultural- O que esse show rendeu pra vocês?
Diego -Rendeu muita coisa boa, está rendendo ainda muita entrevista, TV Cultura, Trama Virtual, os músicos falando muito bem dos shows, que o show foi muito bom. Agora estamos saindo como destaque do Rec-Beat junto com a Orquestra Contemporânea de Olinda; tá rendendo e espero que renda muito mais, 2008 está começando agora.
Pauliño - Teve uma repercussão positiva, rendeu muita entrevista, foi legal, foi mais do que a gente esperava. A gente queria curtir e fazer com que a galera curtisse e conseguimos fazer com que a mídia curtisse, foi legal.
Jornal Cultural- Fala um pouquinho do EP
Pauliño- O EP, ele surgiu na mesma época que a banda surgiu, a gente já começou com a intenção de gravar, foi gravando e compondo as músicas, eu tinha alguns rascunhos de poemas, fui passando o material de como produzir música eletrônica para Diego, ele pegou super bem, ai a gente já foi começando com tons acústicos e com um objetivo. A gente começou em agosto já com o objetivo de tá com o EP até o festival Coquetel Molotov que ia tá uma galera importante do cenário independente brasileiro e se a gente quisesse alguma coisa de verdade, de forma profissional, o primeiro objetivo seria distribuir o EP. O EP a gente deu para Guttie lá no Molotov, entregamos para o pessoal que produziu o evento também, foi super positiva essa iniciativa. Foi gravado na minha casa com equipamento como base, na de diego também e a gente experimentou bastante
Diego- Na verdade a gente grava primeiro as músicas para depois começar a ensaiar; a gente grava tudo e faz a idéia da música toda, depois começa a ensaiar, vê como fica em estúdio porque o processo da gente é todo em computador, o bom é que a gente já vai para estúdio com as músicas todas prontas.
Jornal Cultural- Qual o toque que vocês dariam para a galera que tá começando agora?
Pauliño- Com a internet, um computador e um microfone você consegue muita coisa. É só ter vontade que tem muitos programas pra você baixar, ai nos programas você já grava tanto o violão, quanto a guitarra, o microfone. Hoje em dia deve ser muito mais fácil do que antes você produzir um demo, e isso vale para qualquer estilo do rock ao brega, ao reggae, à música eletrônica, ao tecno brega, um microfone e um computador você vai embora experimentando até achar.
Diego -Faz um disco massa e joga na mão da galera, o negocio é se movimentar, não ficar em casa parado, ficar na frente do computador fazendo alguma coisa, criando a música e fazer o disco e dar na mão da galera.
Jornal Cultural- Fala sobre o Clipe da música Mohamed Saksak
Pauliño- eu não atuei muito, fui o meu personagem o tempo todo. Diego que teve a experiência de atuar, mas a idéia foi de Igor de Lira que é um amigo nosso, na minha banda anterior ele já tinha feito um clipe, e assim que ele escolheu a música já queria fazer o clipe logo de cara. Ai a gente pegou o material que é básico, sempre trabalhamos com o básico porque não temos grana para trabalhar com grandes produtoras. Pegamos uma maquina fotográfica digital e uma mini-DV amadora, vestiu Diego de muçulmano e saiu com ele por ai pelas ruas do centro do Recife e saiu filmando a reação das pessoas ao verem ele, que acho que é o que mais chamou atenção no clipe, ninguém espera; você ver um muçulmano assim no dia-dia, eu mesmo ficaria espantado.
Diego -Foi complicado. No começo eu fiquei assim mas os caras disseram que eu ia ter que atuar, “tu vai ser Mohamed, vamos ver uma roupa, ai deixa essa barba crescer mais”. Aí eu, Puta merda, mas vamos fazer eu sou da banda vamos nessa. Eu pensei que ia ser besteira, mas ai começou a fazer a roupa, ai começou colocando as roupas, até que depois quando eu comecei a andar pela rua eu fui vendo a reação da galera que em algumas horas eu não queria mais tirar a roupa todo mundo olhando pra mim. Ai foi massa, filmando na Imperatriz e junto a galera para ver Mohamed, que trocou de roupa em uma loja de Biquíni. Teve também a história do canavial; formos gravar no canavial lá para o lado do Cabo, ai paramos o carro por perto e fomos gravar. Andamos um pedacinho, quando começamos a gravar passa um helicóptero. Ai a gente, porra olha o helicóptero, eu até tirei onda dizendo que era o exercito atrás de Mohamed. A gente brincando lá, quando vimos, entra um carro, pensei que fosse o carro do dono das terras, quando virmos era o 190 e os caras já desceram tudo armado abordando “O que é isso, o que é isso ai?”, Pauliño ficou logo nervoso, mas a gente deu uma explicada lá, disse até que era trabalho de faculdade, mas a gente lembrou de Tropa de Elite. Risos...
Pauliño -Terminou que o clipe foi selecionado para o festival de vídeo pernambucano que passou no teatro do Parque, a galera viu no Youtube mais de mil acessos, quem quiser ver vai em uma lan house ou no computador de sua casa, e procura Júlia Says Mohamed Saksak ou no www.myspace.com/juliadisse ai da para ver; o clipe é muita onda, é uma graça, eu recomendo.
Jornal Cultural- Diego, tu nunca pensou em fazer um show vestido de Mohamed Saksak?
Diego- Não! A galera já sugeriu muito velho, no Rec-Beat mesmo até questão de fantasia, nunca mais quero vestir aquela roupa (risos). Pra tocar é meio incômodo, é quase um vestido, ai eu toco bateria, fica com o caixa no meio das pernas, ai complica um pouco. Vou ter que levantar, mostrar minhas pernas, mas é melhor não véi, nem toco nesse assunto. vai que a galera pede? Não quero mais vestir aquele negocio não, mas também não vamos tocar fogo não porque futuramente vamos leiloar.
Jornal Cultural- Como foi essa influência do livro A casa das idéias?
Pauliño -Começou antes mesmo da banda existir. Eu fiz umas aulas de produção cultural pela prefeitura, e lá tínhamos vários modos de cultura pernambucana e teve um, que eu não lembro o nome especifico, que o professor era de teatro, José Manoel o nome dele, ele contou essa história do livro e disse que era uma boa história para despertar a criatividade de cada um da sala. Aí ele colocou todos em contato com esse livro que se chama A casa das idéias , de Pedro Veludo, é um livro infantil que conta a história de uma menina chamada Júlia que está cansada dos contos de fadas que começam com Era uma vez e terminam com Casaram e foram felizes para sempre, ai ela vai correndo atrás de fazer a sua própria história, de sua maneira, criativa, e tinha tudo a ver com o que a gente quer fazer que é criar a nossa própria história, tendo identidade, passando o nosso recado e levar nossa história à frente porque estamos cansando de ver tanta coisa que tinha tudo para dar certo e não deu, por vacilo de outras pessoas. É tão legal quando você faz uma coisa legal, original. Ai tinha tudo a ver, pegamos Júlia e o Says, que é Júlia Disse, que é justamente o que ela disse, pra você fazer a sua própria história.
Jornal Cultural- Como foi a produção artística da capa do disco?
Diego- O encarte foi o irmão de Pauliño, designer da federal. Demorou, a gente teve que dar em cima, mas saiu e saiu massa. É uma escadinha, essa escadinha é a escada do conhecimento que no livro ela cita, que não é uma escada normal é uma escada de livros, está em forma de espiral porque ela é infinito, porque ela nunca acaba. Aqui no encarte ela ta acabando (risos). Mas essa é a idéia, a escada continua além do encarte.
Jornal Cultural - E ainda falando do disco, onde é que está sendo distribuído?
Pauliño- O disco está à venda nos shows da banda, na livraria Cultura, na Saraiva, com o pessoal do Coquetel Molotov lá no e-mail
coquetelmolotov@coquetelmolotov.com.br, pelo e-mail da gente também.
Jornal Cultural- China fez alguns elogios sobre vocês, vocês pensam em chamá-lo para alguma participação?
Pauliño- A gente já fez alguns convites, mas ele foge, vai por ali vai por aqui.
Diego- É uma Jóia, é uma jóia, a gente chamou ele, mas ele tinha alguns compromissos, a gente ia chamá-lo para o Rec beat. Julio Ferraz, que é da Novanguarda, que cantou Mohamed, Bel, da Erro, que cantou Eis a Canção e China ia cantar Ondas e Barcos mas ele teve outro compromisso. Mas vai rolar, ele curte a gente, a gente curte ele, tem que rolar, pode ser até que ele faça uma participação no próximo EP. No próximo EP vai ter a participação de Fernanda e Pil da Lucy and The Popsonics, banda de Brasília que tocou no Rec Beat na terça-feira, ai vai rolar uma participação. A gente mandou uma música para eles e eles gostaram, conversamos aqui no festival, ai vai rolar mais para março ou para abril que eles vão fazer turnê, ai quando voltarem a gente faz com eles.
Jornal Cultural- Já que falaram do próximo EP, comenta um pouco sobre ele
Pauliño- Acho que ele já ta quase todo pronto, só falta definir essas coisas das participações. No Rec Beat tocamos o primeiro EP completo e tocamos músicas inéditas que estarão no próximo EP, temos até música a mais que vamos ter que cortar porque não queremos lançar um disco grande, queremos lançar em formato de EP mesmo porque acha que funciona melhor assim, digamos que dessas 5 músicas do primeiro EP as pessoas escutam mais duas músicas que são Mohamed Saksak e Eis a Canção, as outras três ficam meio nubladas ai se a gente lançar o cd inteiro com dez, doze músicas e as pessoas não escutarem, é melhor ficar nesse formato, e ainda baratear. Se a produção for maior, já aumenta o preço do disco. Ai estamos fechando ele, provavelmente o nome do disco será Menos é Mais, que é uma música que a gente tocou no Rec Beat, tocamos Reversão que também vai tá no disco. E Menos é Mais é tipo um monte pra gente, já que somos dois tocando em uma banda que parecem que são quatro, ai Menos é Mais, véi (Risos).
Jornal Cultural- Já tem algumas idéias para o clipe dessas músicas novas?
Diego- Ainda vai ter um clipe desse primeiro EP, Ondas e Barcos; vai ser um clipe em 3D, quem ta fazendo é um amigo nosso da Ânima Studios. Vai demorar um pouquinho porque é 3D, porque o processo demora, ele ta fazendo sozinho e ta moldando os bonecos.
Pauliño- vai ter também o clipe de Eis a Canção, que ainda não tem roteiro definido, mas quem tá fazendo é Simone Beatriz, ela produziu um curta recentemente falando do movimento lá de Olinda “Original Olinda Style”, foi um curta bem legal, foi o projeto de conclusão de curso dela.
Diego- Mas como é que vai ser o clipe? Conta ai que eu não estou sabendo
Pauliño- Ah, só estou sabendo quem vai dirigir, a idéia do clipe ainda não sei, ai é com ela.
Jornal Cultural- Fala um pouco sobre a parceria Júlia Says e o Coquetel Molotov
Pauliño- Deixamos o EP com eles no Molotov do ano passado, ai eles chamaram a gente pra fazer entrevista no programa de rádio Coquetel Molotov (Coquetel Molotov é transmitido aos sábados, pela Universitária FM – 99,9 MHz, das 11h às 12h), ai chamaram a gente para o selo. E o Bazuca disco é um selo bem legal porque a sua proposta é pegar o trabalho e divulgar, colocar em pontos de vendas, ta sendo uma parceria bem legal. No show do Rec Beat a gente conseguiu vender bastante disco e ta sendo bem distribuído.
Diego- A gente nunca iria alcançar com os nossos ep’s, que a gente fez capinha com spray em casa, o que a gente vai alcançar com a Bazuca, é um selo que a gente gosta, sempre fomos para o Molotov e achamos massa.
Jornal Cultural- Todo final de programa deixamos um espaço para vocês, fiquem à vontade que o espaço é de vocês
Pauliño- Primeiro queria agradecer a Tarcísio pelo convite, foi legal, a gente não conhecia o Alto, não conhecia a rádio, só conhecia de entrevistas, conhecia o projeto, Cannibal sempre fala por onde ele passa, mas conhecer mesmo conheci agora. Você vir aqui é outra coisa, ter o contato com a realidade, adorei o convite espero voltar mais vezes, eu e Diego, para divulgar mais novidades, trazer mais coisas para vocês e a gente ta super feliz assim pela repercussão que a banda ta tendo, as coisas estão acontecendo e é daqui pra frente né, véi. Diz ai tu.
Diego- É agradecer a todo mundo que ta ajudando a gente, os amigos, “minha mãe, meu pai, especialmente pra você” (Risos). Não, agradecer à galera, a Tonlin Cheng, aos técnicos de som que têm ajudado muito a gente, a Keka, a Jú, que fez o cenário do Rec beat que ficou muito massa, a Vinicius, que fez a iluminação, ao Coquetel Molotov, que tem acreditado muito na gente, Aninha, Jarmeson, Tathi. Agradecer ao programa que foi massa, agradecer ao Rei Roberto Carlos, vou ouvir hoje, e agradecer a Tarcísio e lembrar que dia 15 de Março estaremos na Livraria Cultura.
Myscapece: www.myspace.com/juliadisse
Por Tarcísio Camêlo.