domingo, 27 de abril de 2008

Entrevista com China.


Entrevista com China e H. Stern Band concedida no dia 14 de abril de 2008 para o Jornal Cultural, falando do disco novo, a repercussão do Simulacro, projetos futuros e outras coisas mais.

Jornal Cultural - Fala da repercussão do Simulacro.

China- O disco demorou pra sair, mas foi massa. Eu tava comparando as matérias em casa e pelo formato do disco ter saído independente, saiu bem próximo do que rolou com sheik tosado - quando o sheik tosado tinha gravadora e a trama tinha grana pra caralho pra manter disco. Então, em termos de divulgação, o disco saiu igual, e isso pra gente é como se fosse do caralho... Porra, pode falar palavrão véi?

Jornal Cultural- Pode

China - (Risos) Foi mau galera... Porque o nível está igual.O nível de divulgação foi o mesmo. Então, mais uma prova que você na independência, hoje em dia com a internet, você consegue fazer as coisas. O disco foi eleito, ficou entre os melhores do ano em vários sites de música independente, revistas, site de Nelson Mota. Coisas massas. Assim, eu não esperava que o disco fosse chegar a tanto.

Jornal Cultural- Tu agora conseguiu agradar um público que vai da meninada a minha mãe e minha sogra.Como é isso, véi?

China- Isso é por causa da Del Rey né, véi? Uma hora eu ia achar que o Del Rey ia atrapalhar, mas o Del Rey só ajuda, porque a gente toca Roberto Carlos com aquela roupagem e nego fica querendo mais, e não tem disco do Del Rey para vender. Por isso a galera acaba indo atrás do meu som, atrás do mombojó. Mesmo jeito é a minha banda: nego que gostar de Yuri e Perna tocando vai atrás dos outros trampos deles. Eu queria que o negócio continuasse assim. Poder atingir vários públicos é tudo que um cara que faz som quer. O cara que faz uma banda que faz show e dizer que tem um público alvo, não tem! O cara quer tocar em todo lugar. Tomara que role mais assim.

Jornal Cultural – Como é a parte de compor? Eu sei que alguns não participaram do disco, mas como é essa história de compor?

China- Velho, na real.Quando a gente gravou o disco só quem participou foi Yuri e Hugo Gila, ativamente, tocando todas as coisas.Quando a gente montou a banda com André e com Perna, as músicas já tomaram outra cara.Tem a linha do disco,mas é outra história. Fica até mais interessante, porque ao vivo é outro trabalho. E agora a gente começou a fazer música nova, estamos fazendo música juntos, e está fluindo assim: todo mundo mais ou menos com a mesma idéia, está cada vez mais o esquema de banda, que é como eu quero deixar a cara. É o meu trampo, a minha cara na frente, mas tem os caras fazendo um conjunto na história.

Jornal Cultural- Qual a dica que tu daria para a galera que ta começando?

China- Pô, diz ai Yuri, tu que começasse novo!

Yuri – Ouvir pra caralho. Ouvir mais do que falar.

Jornal Cultural - Ouvir o que por exemplo?

China – Além de som, ouvir a galera que ta há um tempo. Comparando com a gente que é uma galera que apareceu depois da história de Chico Science, a gente ouviu muito história desses caras, de Pupilo, de Lúcio, dos caras do Mundo Livre, das bandas mais antigas. A gente ouviu muito a conversa desses caras.Já foi pegando os macetes.Quando a gente saiu pela primeira turnê em São Paulo, já não foi como os caras. Os caras saíram em uma roubada. A galera da Nação e do Mundo Livre saíram numa roubada. Os caras saíram num ônibus daqui, doideira da porra.A gente não, já existe uma estrutura, porque nego já passou esse papo pra gente, ta ligado? E ouvir som pra cacete, ouvir som é fundamental para você criar uma coisa nova, até porque, em Recife, cada banda que nasce quer fazer um som diferente.Nenhuma uma banda é parecida com a outra.Todo mundo tem a obrigação de fazer um som diferente, novo.

Jornal Cultural – Tu tem o teu projeto solo e a Del Rey. O que tu faz, além disso?

China- Além disso, eu tenho um estúdio, junto com Chiquinho e Homero. Homero Basílio, que é músico da Sinfônica, e Chiquinho do Mombojó. A gente tem esse estúdio em sociedade, que é o Das Caverna, além de produzir trilha para filme, desfile, a gente pegou uma trilha para ESPN, fazer umas coisas lá pra aquele canal de esporte. Tem os discos que a gente ta produzindo, que é o disco de Catarina, que ta saindo agora, e o disco de Júnior Black. E fora isso tudo tem o lance de compor com a galera. Vai sair música minha agora no disco da irmã de Yuri; tem umas coisas minhas e com André que a gente mandou para festival; Dado Villa Lobos gravou música minha. Até o doido do pagode, Leandro Le Hart, gravou. Os meninos do mombojó. E tem esse outro lado que é bacana, porque são músicas que eu não tenho a manha de cantar, mas consigo fazer de um jeito que a galera interprete bem e fica mais bacana na voz dos interpretes do que na minha.

Jornal Cultural - Quando é que vai ter show no Alto José do Pinho?

China – Então, véi. Canibal ta com uns papos comigo de a gente arrumar um show lá. To muito a fim de tocar lá no alto, já pela história do lugar, e também é outro caminho que você pode tomar. Você não precisa cobrar em um show lá o que você cobra no Spirit. Você pode fazer uma coisa bem mais bacana, pequena e, quem sabe, tocar ali em cima, naqueles bares que ficam ali no cruzeiro - Perna deve saber melhor do que eu. Rolando isso, já é mais um canal pra tocar, já que não tem um lugar pra tocar.

Jornal Cultural E o que tu acha de não ter onde tocar?

China- É uma merda não ter onde tocar, né véi? Não tem lugar nenhum para a gente fazer show. Um lugar que caiba 400, 500 pessoas não existe. Ou você fica tocando pela prefeitura, que um negócio massa, aberto, dá muita gente, mas pra você fazer showzinho seu. Não é nem o lance da galera não pagar ingresso, nego paga. A prova disso é a Academia da Berlinda, que tocou agora e deu mais gente do que o Abril pro Rock. O show da Academia da Berlinda, vários outros eventos que aconteceram na mesma época do abril pro rock, aconteceram do mesmo jeito. Você nota que nego paga o ingresso para ir ao show.O problema é que não tem casa de show.

Yuri – Deveria ficar os palcos descentralizados o ano todo! (Risos)

Jornal Cultural – Manda esse projeto pra prefeitura. Nunca pensasse, não?

China – Ta valendo, viu? A idéia ta no ar, Canibal. Se liga ai!

Risos...

China – Rolou lá no alto o União Aurora, que é uma história que, além da gente tem Catarina, Júnior Black e o Mombojó, que são todas as coisas que a gente gravou no estúdio, lá no Das Caverna, rolando no show. Rolou no Alto e foi bem engraçado. O "União Aurora" é meio que toca de tudo. Assim, nego entendeu legal o show e chegou junto pra ver.

Jornal Cultural - O "União Aurora" rolou no Teatro Arsenal também, mas esse do Alto não teve muita divulgação né, véi?

China- Rolou no Arsenal também. Aquele foi o primeiro. O segundo já foi mais curtição, a galera mais ajeitada, mais ensaiada. A única coisa ruim desse negócio de pólo descentralizado é que não tem muita divulgação. Ou você pega aquele papelzinho da prefeitura, ou você fica meio sem saber o que ta acontecendo.

Jornal Cultural - Eu Fiz uma entrevista com os caras da Júlia Says e eles falaram que já tentaram fechar várias parcerias de shows contigo, mas não conseguiram. No carnaval os caras te chamaram para participar do Rec-Beat. Como é a relação de vocês?

China – Porra, velho! Nunca rola. No Carnaval eu toquei todos os dias. Foi impossível armar, mas o Júlia Says é uma banda que eu gosto muito, descobri por acaso na internet, nem sabia que os caras eram daqui. Mas depois que eu falei, conheci os caras. André disse que eles eram amigos dele.

Jornal Cultural – Eles falaram que iria te chamar para participar do próximo disco.

China – Mas vai rolar umas paradas, nem que seja gravar umas músicas lá, compor alguma coisa junto. Os caras gravarem lá no estúdio. Sei lá, mas vai rolar né, véi? Tem que rolar. Porque essas coisas boas não pode deixar passar.Tem que ta junto das paradas que são legais, ta ligado?

Jornal Cultural – A gente falou de Carnaval, como foi essa história de tocar frevo.

China - Foi massa, véi! Eu curti pra cacete. Toquei com uma orquestra clássica, que era a de Ademir lá e a turma;Toquei com Spock.É outra linha de música, mas ao mesmo tempo eu ouço isso desde pequeno.Sabia tudo de cor. Foi massa, gostei. É hardcore pra caralho. O galo foi punk. Meio-dia nego virando monstro quando tocava vassourinhas. Muito bom.



Yuri Como é a história de tocar fora de Recife


China – A gente ta indo agora em maio, véi, pra São Paulo e Rio, talvez Brasília, fazendo uma temporada junto com o Mombojó que é um show que a gente montou junto, inclusive a idéia inicial desse projeto tinha o devotos também, que uma hora a gente pretende retomar a história que era eu, mombojó e devotos. As três bandas tocando música de todo mundo e todo mundo no palco ao mesmo tempo. Vai rolar Rio e São Paulo comigo e com Momboj
Uma hora quem sabe rola também com Devotos que, pô, pra gente vai ser uma honra né, véi? Escuto os caras desde moleque.

Jornal Cultural – Como é que tá a aceitação dos shows por lá?

China – A primeira vez que a gente foi um show foi muito bom e o outro foi muito ruim. Não tinha ninguém, só os meninos do Mombojó na platéia e a gente tocando. Mas o ultimo que a gente fez já deu uma galera, que foi em Brasília. Tinha mil pessoas no show.Foi classe, classe total, véi. Cada vez melhor né, véi? Querendo ou não, pô, além de mim, os caras têm outros trabalhos.Então, quando nego diz "Ah, China ta indo pra lá", não é só eu, né? Vai Hugo, Perna e os caras que já sacam de outros trampos.

Jornal Cultural – Já tem outro disco na agulha, já começaram a pré-produção, já tem música nova?

China – Pô, a gente tá fazendo devagarzinho. Assim, tem músicas novas.Eu tenho umas oito em casa que estão meio que prontas. Eu vou gravando umas coisas em casa e mostro para os caras. Esse disco vai ser mais colaborativo, (pausa para se despedir de Yuri: "falou Yuri") todo mundo trabalhando junto é o que eu pretendo.

Jornal Cultural – Vou te fazer uma pergunta que já virou clichê, mas vou modificá-la. Por que Anti-herói não entrou nesse disco. A pergunta é se ela vai entrar no próximo?

China – Pô, espero que entre né, véi? Porque nego já ripou o áudio, já ta na internet e não entrou no Simulacro porque não era a hora dela ainda. Uma hora ela vai entrar. É massa porque quando eu botar no próximo disco, a galera já conhece E não entrou no simulacor porque não era a hora para esse disco, acho que não era. A internet ta ai pra isso.

Jornal Cultural – Como é tocar com esses caras?

China- É massa!Só menino bom né, véi? peguei o melho, né? Os melhores caras estão tocando comigo, então não tem tempo ruim não véi. A gente marca três, quatro horas de ensaio e acaba por ensaiar duas e já resolveu. O lance da gente é estar sempre conversando, mostrando o som e tal,e e eu chamei os caras porque eu sabia que iriam contribuir né, véi? Não é apenas os caras que vão tocar, eles vão contribuir com o som. É muito foda, cada um colocar o seu na parada.

Jornal Cultural – Beleza, China. Valeu pela a entrevista.

China - Valeu, um abraço ai. Perna, quer mandar um abraço pra Vovô! Manda um beijo pra vovô! Vai, manda um beijo pra Vovô. Vá, diga: beijo vovô! Porra, Perna. Vai para o Alto e tu não quer mandar um beijo pra Vovô? (Risos)

Jornal Cultural – O Jornal sempre deixa um espaço para tu falar o que quiser,véi. Fiquem á vontade.

André Édipo A humildade é a chave da vitória né, bicho?

China – Sábias palavras de André Édipo.

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Por: Tarcísio Camêlo.

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