A Virada Cultural rolando no mesmo final de semana, o show do The Fall cancelado e a responsabilidade de escalar uma atração de última hora, pequenos erros no som em algumas apresentações e a falta de estrutura do Centro de Convenções da UFPE para abrigar a multidão que foi assistir ao histórico show dos Racionais MC’s. Mesmo com alguns problemas, o Festival No Ar Coquetel Molotov aconteceu e o Recife viu bons momentos protagonizados em mais uma edição.
A primeira noite do Festival teve que disputar público com shows de bandas como Nação Zumbi e Orquestra Contemporânea de Olinda, que estavam na programação da Virada Cultural, por isso o Teatro da UFPE ficou um pouco vazio. Na plateia, havia o público fiel ao festival, curiosos e fãs do músico Lobão, que entrou na programação para substituir o grupo inglês The Fall.
Quem abriu os trabalhos no Teatro da UFPE foi Maquinado, projeto solo de Lúcio Maia, da Nação Zumbi. A apresentação foi animada, com músicas dos seus dois primeiros discos, “Homem Binário” e “Mundialmente Anônimo – O Magnético Sangramento da Existência”. Senti falta de alguns instrumentos musicais presentes nas canções dos discos. O Maquinado já fez shows melhores por aqui.
Os gringos escalados para a primeira noite não fizeram feio. O quarteto americano Health apresentou seu pós-rock progressivo e barulhento, que chamou a atenção do público. E os britânicos da Guillemots também não fizeram diferente, animaram curiosos e fãs que se concentravam na frente do palco só para assisti-los.
Mas a última atração era sem dúvida a mais esperada da noite. Mesmo sendo escalado de última hora, o polêmico Lobão deixou os fãs extasiados com a apresentação do show ‘Tratorização Absoluta’. A expectativa do público era grande para conferir o show do músico, já que em abril Lobão teve seu show no Recife cancelado por conta de um temporal que caiu na Concha Acústica da UFPE (local marcado para apresentação). Com um repertório que passou por músicas do último trabalho e sucessos conhecidos do grande público, como ‘Me chama’, ‘A vida é doce’ e ‘Vida louca vida’, Lobão não decepcionou.
No segundo dia de festival, tratei de chegar mais cedo para conferir os shows da Sala Cine e valeu muito a pena. Rolou muita coisa boa por lá. Destaques para as boas apresentações das bandas pernambucanas Rua e Trio Eterno. A Rua apresentou sua boa sonoridade, presente nas canções do disco lançado esse ano ‘Do Absurdo’. E o Trio Eterno, projeto musical de Felipe S., da Mombojó, e do guitarrista pernambucano André Édipo, com arranjos e riffs muito bem trabalhados fez sua estreia nos palcos do Coquetel Molotov. Quem fez um show muito bacana também foi a banda Copacabana Club, que animou o público com sua música dançante.
Quem encerrou dignamente a programação da Sala Cine foi a cantora francesa Hindi Zahra, que fez valer todo o hype em cima de sua apresentação e fez um dos melhores shows da história do festival. Posso dizer que foi o melhor show desta edição, pelo menos pra mim. Uma pena não ter sido visto por mais gente. Se fosse no Teatro e um pouco mais tarde, ganharia muito mais força.
No Teatro, quem abriu as atividades foi o paulistano Rômulo Fróes, apresentando o ótimo álbum recém-lançado ‘Um Labirinto Em Cada Pé’ e mostrou ao vivo por que vem recebendo tantos elogios da crítica musical.
Antes da principal atração da noite, ainda rolaram shows dos americanos do Sea And The Cake, apresentando o disco ‘Moonlight Butterfly’, e o pernambucano China, lançando o show do disco novo ‘Moto Contínuo’.
Para a última atração da noite, Racionais MC’s, faltou um pouco de planejamento por parte da produção para receber a multidão que foi assistir à apresentação do grupo. Os fãs ansiosos, querendo entrar de uma só vez quando o show começou, acabaram quebrando parte da porta de vidro que dá acesso ao teatro. Episódio que poderia ser evitado com um pouquinho mais de organização.
Incidentes à parte, o grupo liderado por Mano Brown encerrou a 8º edição do No Ar Coquetel Molotov com um show histórico. Racionais MC’s interagiu, empolgou e fez o público cantar junto todas as letras marcantes e importantes para o rap nacional. O festival provou que Recife tem um público forte para o rap e que precisa ter mais eventos do gênero na cidade.
Texto: Tarcísio Camêlo
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